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Estátua romana de Isis |
Sinopse do artigo de Ana Carolina C. Alonso, in NEArco
Longe de estar focado na expansão
territorial, como tradicionalmente se apresenta (a maior expansão ocorreu
durante a República), a grande missão do Império foi desenvolver a máquina
administrativa, consolidar e manter o território unido.
Um império tão vasto e com tamanha
diversidade cultural exigiu relações de poder que atendessem ao mesmo tempo a
elite do império e as necessidades provinciais.
Isso
produziu uma flexibilização do que significava “ser romano”; a condição de
cidadão, por exemplo, foi progressivamente estendida aos habitantes das
províncias, até que se tornou universal (para todos os habitantes livres) em
212 dC. Há igualmente um esforço em integrar símbolos e signos locais à cultura
romana. É claro que esse processo tem, além da intencionalidade política e/ou
social, um grau expressivo de desdobramentos espontâneos que perfazem o fluxo
da história; além disso, a apropriação cultural ocorre de forma bidirecional.
Essa percepção alterou significativamente a idéia de romanização; a
bidirecionalidade é particularmente perceptível na presença de elementos
característicos das províncias nos vestígios materiais da urbe,a despeito da
relação assimétrica entre a urbe e a periferia.
Nesse sentido, uma parte fundamental
da formação da identidade romana se dava através da religião; a relação ser
humano/divindade é intrinsecamente ligada às relações sociais; termos como religio e supestitio vão ter seus significados seguindo paralelamente com as
mudanças sociais de identidade.
Vários elementos vão atuar como
veículo de penetração dos cutlos orientais na sociedade romana: a presença dos
escravos, que permanecem fiéis às suas crenças nativas; a permanência das
legiões romanas nas províncias por longos períodos e a circulação dos
comerciantes, que facilitam o fluxo cultural dentro do império.
O culto de Isis é distinto de outros
cultos praticados em Roma; não é correto considerar as religiões orientais que
chegam à Roma como um grupo padronizado com as mesmas características; elas
são específicas entre si e diferentes quanto a seus elementos constitutivos.
Da mesma forma, ao penetrar na urbe
e ser ali praticado, o culto passa a se diferenciar substancialmente de seu
ancestral oriental.
Um dos diferenciais entre a
religiosidade egípcia e a romana é a noção de templo; para os egípcios o templo
é permanentemente sagrado por ser residência de um deus; o povo não adentra
todas as dependências do templo, muitas delas são fechadas e de uso exclusivo
dos sacerdotes. Rituais constantes são oficiados para conservar os princípios
divinos do lugar, e a adoção destes rituais também é uma novidade entre os
romanos; os detalhes ritualísticos são descritos por Apuleio e Plutarco,
importantes fontes que documentam o entusiasmo que o culto isíaco produziu em
Roma.
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