sábado, 12 de julho de 2014

Disseminação de idéias no milieu esotérico: notas sobre a influência de Gurdjieff no Movimento Gnóstico de Samael Aun Weor




 Introdução

            O objetivo deste artigo é contribuir com o debate proposto pelo sociólogo italiano Pierluigi Zoccatelli, que analisa a influência das idéias do esoterista armênio George Ivanovitch Gurdjieff (1866-1949) sobre o Movimento Gnóstico fundado pelo colombiano Samael Aun Weor em 1949.

            O objetivo de nossa pesquisa é analisar estratégias discursivas de legitimação doutrinária e identitária no milieu do moderno esoterismo ocidental; interessam-nos em particular historicizar os processos de apropriação e construção de representações sociais a partir da metodologia proposta por Roger Chartier e Sandra Pesavento. A definição e delimitação do esoterismo como campo de estudo acadêmico é tema de um acesso debate dentro da Ciência das Religiões; optamos pelo estudo do esoterismo enquanto campo específico de pesquisa, a História do Esoterismo Ocidental, e em especial pela abordagem cultural proposta por historiadores do esoterismo como Kocku von Stuckrad, Willian Goodrick-Clark e Wouter Hanegraaf, que propõem um modelo de história religiosa que concebe a Europa como um espaço multirreligioso onde ocorre uma permanente dinâmica de inter-relação e influência mútua, e que consideram o esoterismo como elemento estrutural da cultura ocidental moderna (Stuckrad, Goodrick-Clark, Hanegraaf); a delimitação do objeto de estudo e a definição de sua identidade comum é feita a partir dos conceito de cultic milieu de Colin Campbell (Campbell, p. 122-123), e de “campo discursivo” de von Stuckrad, que basicamente versam sobre como os traços comuns da cosmovisão esotérica superam as barreiras institucionais e estimulam um intenso trânsito de idéias e uma profunda apropriação sincrética. (Stuckrad 2005, p. 3-11)

            O sociólogo italiano Perluigi Zoccatelli realizou uma importante pesquisa sobre as idéias do ocultista armênio George Ivanovich Gurdjieff (1866-1949); num primeiro momento ele reflete sobre as possiveis influências presentes no processo de formação de sua “Psicologia do Quarto Caminho”; em seguida ele analisa o impacto que as idéias de Gurdjieff tiveram sobre o esoterismo tradicional e sobre a nova onda de espiritualidade sincrética conhecida como Movimento Nova Era, ou New Age. Num de seus artigos ele analisa com muita propriedade como a cosmovisão de Gurdjieff e seu principal discipulo, o físico e psicólogo P. D. Ouspensky (1878-1947), são apropriadas e representadas na obra do esoterista colombiano Samael Aun Weor.
            Zoccatelli é um dos diretores do Centro Studi Sulle Nuove Religioni (CESNUR) e membro de diversas associações de estudos acadêmicos do Esoterismo e de Psicologia e Sociologia da Religião. Num artigo para a revista Aries ele enumera as três razões que o levaram a estudar o tema:
(1) Gurdjieff e Samael são duas figuras muito importantes para a compreensão do milieu esotérico-ocultista contemporâneo; ambos constituem a origem de uma complexa genealogia de grupos e instituições que se difundiram a nível internacional e abarcam dezenas de milhares de membros; nós acrescentaríamos que suas idéias não se restringiram ao campo religioso, tendo exercido poderosa influência sobre a cultura e a sociedade modernas, desde campos tão diversos como a educação, artes e psicologia, até a formação de movimentos políticos. Zocatelli acredita que a dinâmica dos grupos criados por ambos esoteristas se encaixa na categoria de “hipertrofia da filiação” proposta pelo sociólogo Massimo Introvigne, mas que para afirmar isso faltam estudos mais detalhados; os estudos sobre Gurdjieff ainda contêm uma série de lacunas importantes, enquanto que sobre Samael há pouquíssimo material produzido até o presente[1].
(2) Zoccatelli considera que Samael e Gurdieff constituem dois exemplos interessantes para validação do conceito hermenêutico-sociológico de “carisma do livro”, proposto pela norte-americana Jane Willians-Hogan; a autora propõe a idéia analisando a obra de Emanuel Swedenborg (1688-1772) e constatando como seus livros vão dar origem a uma pletora de movimentos organizados que extrapolam completamente as intenções presumidas do autor; o livro proporciona uma experiência íntima que ele resume da seguinte forma:

É um fenômeno de particular importância, ao mesmo tempo universal, porque atrai a atenção para um nível de realidade mais profunda, que desempenha uma função unificadora e vai além de seus conceitos culturais de pertencimento, e pessoal, na medida em que convida o indivíduo a confrontar-se com sua própria vida e suas necessidades, na qual o individuo encontra num livro uma resposta que parece apelar especificamente a ele. (Zoccatelli 2005, p. 256)

(3) Finalmente, Zocatelli admite que os ensinamentos de Samael lhe trouxeram uma compreensão muito mais profunda sobre o verdadeiro papel da magia sexual (ou alquimia interna) nos ensinamentos do próprio Gurdjieff; ele destaca duas descobertas que ele procura demonstrar ao longo do texto: a primeira, de que o entendimento tradicional de que a questão sexual é meramente periférica e não prioritária no sistema de trabalho interior gurdjieffiano é fruto de uma leitura superficial, e de que uma leitura a partir da interpretação proposta por Samael demonstra que o tema é parte do coração do Quarto Caminho, como Gurdjieff chama seu modelo de trabalho interior, e não pode ser compreendido senão a partir da compreensão da sexualidade como forma eminente de relação com o transcendente. A segunda é o papel central que o pensamento de Gurdjieff desempenha na obra samaeliana: Zocatelli argumenta que Krum-Heller forneceu a Samael o modus operandi da magia sexual, mas que todo o suporte teórico que sustenta a prática foi extraído quase literalmente da obra de Gurdjieff e seu principal discípulo, Ouspensky (idem, p. 267).
Meu propósito é analisar o processo de assimilação das idéias de Gurdjieff por Samael. Pretendo demonstrar que elas não ocorrem desde a fundação do Movimento Gnóstico, como acredita Zocatelli (idem, p. 272), mas são fruto de um longa transição do modelo rosacruz de Krum-Heller até o sistema gurdjieffiano que dura pelo menos uma década. Adicionalmente, vou apresentar a hipótese de que toda uma problemática surgida ao longo dessa transição doutrinária constitui a causa causorum do principal cisma dentro das instituições gnósticas nos últimos anos de vida de Samael.

O iniciado rosacruz

            Nosso estudo de caso analisa exatamente um personagem situado na transição entre o esoterismo tradicional e a Nova Era, o esoterista colombiano Victor Manuel Gómez, auto-intitulado Samael Aun Weor; o movimento fundado por ele pode ser definido como “fronteiriço” em diversos sentidos: temporalmente, pela precocidade com que incorpora idéias que serão marcas identitárias do Movimento Nova Era, como a crença no aparecimento de naves extraterrestres; Samael está situado num periodo de transição entre as instituições esotéricas tradicionais formadas na segunda metade do século XIX e a nova religiosidade de inspiração esotérica que vai se disseminar com incrível velocidade a partir da década de 1960; geograficamente, por nascer e se expandir na periferia do universo esotérico ocidental, cujo centro tradicional de irradiação é a Europa; grupos esotéricos na América do Sul com alguma expressividade somente são conhecidos a partir da 1920. Sua ímpar situação temporal e geográfica o torna um elemento especialmente interessante para fins de delimitação conceitual dos objetos em questão, Esoterismo Ocidental e Movimento Nova Era (Snoek, p. 9).
            Victor Manuel Gómez nasceu em Bogotá em 1917, numa família de classe média. A infância de Victor foi marcada pela separação de seus pais; após uma curta e turbulenta convivência com a madrasta passou a viver com a mãe, aos 12 anos; a partir de então começou a ter contato com grupos espíritas. O contato com a literatura espírita, sobretudo Kardec e Leon Denis, logo despertou seu interesse por temas esotéricos; leu Blavatsky e aos 16 anos filiou-se à Sociedade Teosófica (ST); a loja colombiana da ST havia sido fundada em 1921 e desde 1929 possuía um Centro Juvenil em Bogotá; em 1934, com 17 anos de idade, tornou-se conferencista da S.T. No ano seguinte filiou-se à FRA (Fraternitas Rosicruciana Antiqua), então dirigida por Israel Rojas[2]. A participação simultânea em diferentes escolas esotéricas era prática comum e considerada ao mesmo tempo símbolo de status e de amplitude de visão espiritual; o próprio fundador da FRA se orgulhava de sua ligação simultânea a pelo menos meia dúzia de instituições da Maçonaria, Rosacrucianismo e Teosofia.[3]
            A Rosacruz Antiqua é uma clássica escola esotérica tradicional, com uma importante especificidade: ela faz parte das escolas européias que incorporaram ao seu repertório de práticas mágicas os exercícios sexuais de algumas escolas tântricas da Índia, conhecidos como sahaja maithuna (Krum-Heller 1929, p. 43); seu fundador, o médico e militar alemão Arnold Krum-Heller, havia sido discípulo de Theodor Reuss, membro da prestigiosa ordem hermética Golden Dawn e fundador da OTO (Ordo Templo Orientis). Krum-Heller teve entre seus colegas de estudos figuras como Spencer Lewis (fundador da AMORC) e o famoso mago Aleister Crowley, um dos maiores ícones do Ocultismo (cuja fama extrapolaria o universo ocultista e o tornaria um dos símbolos da contracultura; idolatrado, entre outros, por bandas de hard rock como Black Sabbat). Em 1910 Krum-Heller mudou-se para o México como delegado da Ordem Martinista e da OTO; mais tarde fundou sua própria instituição, a FRA, e realizou um giro por diversos paises sulamericanos para divulgar a instituição. A loja colombiana da FRA foi fundada em 1927[4].
            Victor ingressou na FRA em 1935; teve um rápido progresso dentro da nova escola e logo conquistou um cargo episcopal dentro de seu braço litúrgico, a Igreja Gnóstica. Krum-Heller atribuía uma grande importância ao estudo dos textos gnósticos, em especial o Pistis Sophia, e isso exerceu importante influência sobre as concepções esotéricas do próprio Victor.
            Em 1938 o dirigente colombiano da FRA, Israel Rojas, apresentou um estudante chamado Omar Cherenzi Lind à comunidade rosacruz como sendo um autêntico iniciado vindo do Tibete.[5]; não demorou para que Israel Rojas se convencesse de que Cherenzi era o próprio Avatara da futura Era de Aquário, como anunciou publicamente[6]. Isso produziu um grande entusiasmo inicial e formou-se uma instituição congregando estudantes das diferentes escolas rosacruzes e teosóficas, a Universidade Espiritual da Colômbia. Em pouco tempo Israel Rojas e Cherenzi se desentendem seriamente e começa uma violenta troca de acusações entre os dois partidos.
             Victor se rebelou violentamente com o novo estado de coisas e acabou se afastando da instituição; essa ocasião marca um momento de profunda crise existencial em sua vida: o afastamento da FRA coincide com o abandono dos estudos (seguindo os passos de Krum-Heller, estudou medicina por dois anos em Bogotá) e com o fracasso de um casamento que durou poucos meses.
            No periodo entre 1941 e 1947 Victor abandonou a capital e passou a viver uma vida errante pelo interior colombiano, ganhando a vida como uma espécie de curandeiro. Neste periodo conheceu a mulher que seria sua companheira pelo resto da vida, Arnolda Garro.
            Victor deixou deste periodo relatos que lhe conferem um ar de epopéia mítica que lembra em alguns momentos a história clássica da iluminação de Buda, que deixa sua família abastada e parte para a floresta em busca de uma experiência direta com o divino.
            Um de seus relatos sobre os motivos que o levaram a se afastar da FRA:
“Yo me convencí entonces que las teorías no conducen al hombre a ninguna parte y que las escuelas de espiritualistas que para ese tiempo había en Colombia, eran solo jaulas de loros que a ninguna parte me conducirían.” (Weor 1950, p. 8)
            E a descrição de sua epopéia seguinte:
“Desilusionado, pues, de esas escuelas de "sabihondos" me retiré al silencio y a la meditación, me consagré de lleno al desarrollo de mis propios poderes internos a fin de adquirir el conocimiento directo y librarme de tantas teorías y de tantos insultos autoritarios. Y, al fin de muchos y terribles esfuerzos tuve la dicha, la inmensa dicha de despertar sobre el altar de la Iniciación. Fue entonces cuando me vine a dar cuenta exacta de que yo, Aun Weor, no necesitaba para nada de aquellas escuelas porque yo había transitado en pasadas reencarnaciones por todos los Misterios Menores y en Egipto durante la dinastía del faraón Kefren, había llegado al grado de Hierofante de Misterios Menores.” (idem, p. 9)

            Sua obra posterior menciona o encontro e convivência com médiuns, curandeiros e bruxos em comunidades remotas da amazônia colombiana; também teria vivido em comunidades indígenas, sobretudo entre os mamas (curandeiros) arahuacos. Passou estes anos vivendo ele próprio como uma espécie de curandeiro, efetuando curas e vendendo pomadas (DOSAMANTES, pp. 33-44)[7].
            Esse periodo marca o ponto de inflexão em sua vida: deixa de lado as teorias e se dedica intensamente às práticas mágicas do repertório rosacruz; o resultado é um progressivo processo de “iluminação”, que Victor atribui principalmente à prática do sahaja maithuna. Transformado internamente, ele se autodenomina Aun Weor, “verbo divino” (Lopez Bellas, p. 652).
            No inicio de 1948, Victor (agora Aun Weor) retorna à cidade de Cienaga e procura alguns de seus amigos da FRA, Julio Medina e Rafael Romero Cortês, para anunciar sua missão enquanto iluminado. Suas obras posteriores, bem como o relato de seus principais seguidores, apresentam uma versão teleológica de que Aun Weor retorna do interior colombiano determinado a criar uma escola esotérica que represente uma radical ruptura com as instituições existentes; seus escritos da época, no entanto, sugerem muito mais a intenção de operar reformas doutrinárias e administrativas dentro do próprio ambiente da FRA: é eloqüente, nesse sentido, o fato de que, apesar de haver criado um círculo de estudos esotéricos em abril de 1948, Aun Weor decide publicar sua primeira obra somente após o falecimento de Krum-Heller, em maio de 1949. Suas duas primeiras obras, O Matrimônio Perfeito ou a Porta de Entrada à Iniciação, lançado em maio de 1950, e a Revolução de Bel, de outubro do mesmo ano, são claramente dirigidas ao público rosacruz e possuem um propósito claro: combater as doutrinas tântricas de Cherenzi.   
            Resumindo o conflito, Samael é adepto de exercícios sexuais onde existe a cópula, mas não se chega ao orgasmo; a conjunção carnal (sahaja maithuna) serviria apenas para preparar a energia sexual para ser canalizada internamente através de exercícios respiratórios (pranayamas); Cherenzi, pelo contrário, é adepto de sistemas que admitem o orgasmo; o sêmen retirado do órgão feminino é considerado mágico e é reabsorvido, seja por meio de ingestão ritual ou reinserido na uretra por meio de exercícios iogues (WEOR 1950, pp. 15-20, p. 45):
         “La Iglesia Gnóstica» de Krumm Heller y «El Kundalini o Serpiente Ígnea de nuestros mágicos poderes» de Omar Cherenzi Lind, son las dos antípodas del Kundalini. La obra de Krumm Heller es una obra de magia blanca. La obra de Cherenzi es una obra de magia negra.” (idem, p. 18)
            O que a obra de Samael está documentando é um importante capítulo da evolução das práticas sexuais tântricas no ocidente; trazidas inicialmente por estudiosos ingleses das obras clássicas do misticismo hindu, estes exercícios logo despertaram um imenso interesse nos círculos esotéricos europeus[8].
            Samael se apresenta neste momento como um defensor do “sistema autêntico”, o sahaja maithuna tal como ensinado pelo fundador da Rosacruz Antigua. Krum-Heller menciona pudicamente a prática em suas obras em latim: inmisio membri virilis in vaginam sine ejaculatio seminis (Krum-Heller 1926)[9]; as primeiras obras de Samael são em grande parte baseadas nos livros de Krum-Heller, que ele cita com grande frequência e da qual extraiu idéias importantes para a compreensão de seu sistema, como a expressão “seminizar o cérebro”. A importância e o próprio modus operandi da magia sexual não são unânimes entre os discípulos de Krum-Heller, no entanto; seu próprio filho Parsival Krum-Heller, aceito por parte da FRA como sucessor do fundador, vai defender um sistema misto em que o casal deve manter normalmente o sexo comum e praticar os exercícios sem perda seminal em ocasiões específicas, como parte da preparação de discípulos já em avançados graus iniciáticos[10].
            Cherenzi, por sua vez, é adepto de algumas das experiências de magia sexual feitas por Aleister Crowley e adotadas pela O.T.O.; a assim denominada magia sexual thelemita preconiza a perda seminal (inclusive através da masturbação ou de relação homossexual) e sua ingestão como parte de um ritual mágico, normalmente em grupo (Koenig).
            Havia ainda um elemento complicador nesse debate: a relação amistosa entre Krum-Heller e Crowley, observada em trocas de correspondência e citações recíprocas, aparentemente indicando que as diferentes concepções sobre sexualidade tântrica não constituam obstáculo significativo para o trabalho conjunto[11].
            Aun Weor dá uma nova dimensão à questão sexual em sua cosmovisão: a magia sexual torna-se o eixo central de toda a doutrina:
         “Después de meterme un millón de teorías en la cabeza llegué a la conclusión de que yo había perdido el tiempo miserablemente, porque la Iniciación no es cuestión de teorías ni de autoritarismos, ni de leer libros. La Iniciación es únicamente cuestión de sacar el maximum de provecho de la médula y del semen y para esto el único camino es "querer" intensamente a la mujer –esposa–.” (idem, p. 10)
            A transição
            Como se pode constatar na leitura das obras iniciais de Samael, sua mensagem tem o propósito inicial de defender o que ele considera a essência dos ensinamentos rosacruzes de Krum-Heller, em especial a prática da magia sexual sem perda seminal, que ele intitula de tantrismo branco (estabelecendo assim uma clara distinção com os exercícios admitidos por Parsival e Cherenzi, classificamos de tantrismos cinza e negro, respectivamente). O alvo de seu discurso é claramente o universo de adeptos e simpatizantes do milieu esotérico colombiano; alguns são nominalmente citados no livro A Revolução de Bel: rosacruzes, teósofos, maçons, estudantes da Universidade Espiritual e espiritualistas em geral (Weor, 1950-b, pp. 81-113).
            Samael não tem o propósito de criar uma nova escola; sua preocupação mais evidente é de estimular uma reforma nas instituições existentes[12]. Sua produção bibliográfica inicial é destinada essencialmente a explicar os ensinamentos de Krum-Heller, como podemos ver a seguir:
            Em 1950 ele escreveu O Matrimônio Perfeito ou A Porta de Entrada à Iniciação e A Revolução de Bel, onde a temática principal é a denúncia dos ensinamentos de magia sexual de Cherenzi e Parsival e a apresentação da magia sexual tal como ensinada por Krum-Heller.
            Sua terceira obra, Curso Zodiacal, de 1951, é toda baseada no livro homônimo de Krum-Heller, de 1929, e são absolutamente complementares.
            Seu quarto livro, Apuntes Secretos de um Guru (Apontamentos secretos de um guru), impressa em maio de 1952, traz a Missa Gnóstica tal como consta na liturgia da Igreja Gnóstica estabelecida por Krum-Heller.
            O Tratado de Medicina Oculta y Magia Prática, de 1952, é baseado essencialmente nas concepções de Krum-Heller sobre a fisiologia humana; o esoterista alemão era médico e seus livros estão repletos de teorias sobre biorritmo e cura de enfermidades através de exercícios respiratórios, osmoterapia e medicina natural. Embora a obra contenha uma série de receitas originais, aprendidas por Samael durante seu giro pela amazônia colombiana, sua concepção de medicina e magia seguem essencialmente as idéias do mestre alemão.
            No periodo de 1952 a 1960 Samael publicou um total de 20 livros; muitos deles são pequenos livretos de divulgação ou comentários sobre temas secundários que também interessam ao esoterista, como a questão dos discos voadores; os livros doutrinários, no entanto, permanecem sendo releituras do credo rosacruz, como é o caso de Logos, Mantram, Teurgia, de 1959, que analisa Logos, Mantram, Magia de Krum-Heller, escrita em 1930. Samael também faz menção freqüente de outro importante mestre da FRA, Jorge Adoum (1897-1958), também conhecido como Mago Jefa.
            Em 1961, porém, Samael empreende uma longa revisão de seu primeiro livro, O Matrimônio Perfeito, e faz publicar uma edição “ampliada e corrigida”; o novo texto traz uma série de modificações, não só de estilo, mas principalmente doutrinárias. Pela primeira vez é possível perceber em sua obra o uso de idéias do universo ideológico de Gurdjieff, como os sete centros da máquina humana (WEOR 1961, p. 71), a transmutação dos hidrogênios, o exercício de recordação de si mesmo (idem, pp. 74-76) e o famoso hidrogênio SI-12 resultante da prática de magia sexual (p. 94). A quarta dimensão é explicada conforme o modelo apresentado pelo principal discípulo de Gurdjieff, Ouspensky, que tem um trecho de seu livro citado literalmente:

El gran escritor Pedro Ouspensky, dijo: “En el mundo de las magnitudes infinitas y variables, una magnitud puede no ser igual a sí misma; una parte puede ser igual al todo; y de dos magnitudes iguales una puede ser infinitamente mayor que la otra”.(p. 165)
            Uma série importante de ideáis gurdjieffianas também é mencionada sem que haja referências ao autor, como é o caso do “quarto caminho”, a expressão que resume o método de Gurdjieff e identifica o principal movimento criado a partir de seus ensinamentos, a Escola do Quarto Caminho:

El primer camino lo vivimos en la vida práctica aprendiendo a vivir rectamente. El segundo camino reside en nuestra Iglesia. Esta tiene sus sacramentos, sus rituales y su vida conventual. El tercer camino lo vivimos como ocultistas prácticos. Tenemos nuestras prácticas esotéricas. Ejercicios especiales para el desarrollo de las facultades latentes en el hombre. El cuarto camino, la Vía del Hombre Astuto, la vivimos en la práctica dentro del más completo equilibrio. Estudiamos la Alquimia y la Cábala. Trabajamos desintegrando el yo psicológico. (Weor 1961, p. 60)

            É o inicio de uma guinada definitiva no corpo doutrinário: o universo mágico rosacruz vai gradativamente ficar em segundo plano; sob os refletores vai surgir toda uma noção de psicologia transformadora fortemente apoiada nas idéias do Trabalho Interior da dupla Gurdjieff/Ouspensky.
            De forma esquemática, poderíamos afirmar que a doutrina samaeliana da década de 1950 tem como pilares principais a Magia Sexual, as regras morais e éticas do cristianismo e os exercícios mágicos e práticas litúrgicas rosacruzes. Em 1970, quando sua doutrina já está consolidada, Samael resume seus ensinamentos no que ele chama de Três Fatores de Revolução da Consciência; Zocatelli os descreve da seguinte maneira:

(a) morte do universo interno negativo de cada um (o "ego", ou agregados artificiais da psique que impedem a manifestação do ser) através da auto-descoberta, a compreensão e a desintegração de todos os agregados psicológicos (bloqueios, condicionamentos, identificações, medos, etc.) que impedem a livre circulação de energia e o despertar da "consciência objetiva", (b) o nascimento dos corpos existenciais internos ou superiores do Ser (corpo astral, o corpo mental, corpo causal), que são essenciais como veículos para as dimensões superiores ao mundo fisico , graças à transmutação das energias criativas (através da prática do "Arcano AZF", ou seja, a prática de magia sexual sem emissão de sêmen, resultando em "cerebralização" do semen e “seminização” do cérebro, a fim de alcançar o desenvolvimento total e regeneração, despertar faculdades como a clarividência, clariaudiência, intuição e telepatia; (C) o sacrifício pela humanidade, que consiste na divulgação do ensinamento gnóstico. (Zoccatelli 2005, p. 264)

            A influência de Gurdjieff neste novo formato é evidente: o primeiro fator, a Morte Psicológica, tem como ponto de partida práticas descritas por Ouspensky em seu livro Em busca do milagroso: fragmentos de um ensinamento desconhecido; Samael divide a morte do ego em três etapas: (1) auto-observação do ego, (2) compreensão do ego e (3) eliminação mística do ego. A primeira etapa é baseada exclusivamente nos exercícios de auto-observação da dupla Gurdjieff/Ouspensky; a compreensão utiliza elementos das meditações ensinadas por Krishnamurti, e a eliminação mística é um desenvolvimento da idéia de partes autônomas do ser que encontramos em Gurdjieff, mas que são apropriadas por Samael de uma forma muito original, formando o coração de um culto do Eterno Principio Feminino, a Deusa ou Mãe Divina que lembra em diversos aspectos o culto mariano dentro do catolicismo latinoamericano.
            O segundo fator, o Nascimento Alquímico, é a Magia Sexual como ensinada por Krum-Heller acrescida de todo o suporte teórico de Gurdjieff sobre a fisiologia das energias transmutadas dentro do organismo.
            A apropriação de idéias de Gurdjieff por Samael vai produzir uma série de críticas, vindas principalmente do próprio universo esotérico; é muito comum encontrarmos na internet listas indicando as enormes passagens de livros de Gurdjieff e principalmente de Ouspensky que são reproduzidas literalmente nas obras de Samael como se fossem de sua autoria[13]. Samael se defende dizendo que sua missão é sintetizar as doutrinas existentes; essa é a linha de defesa seguida por seus discípulos:

La gnosis misma es inseparable de él (o tertium organum), y aunque se acusa mucho a Samael de tomar su doctrina psicológica de la escuela del cuarto camino a la que pertenece esta cita, lo cierto es que él hace un revisionismo de lo que cita, y se apoya en lo que cita para tratar de ir más lejos, desgraciadamente pocos lo pueden seguir, y por eso tanto sabihondo lo acusa de plagio. (Pujalte-a)
Su doctrina es una síntesis, (Samael) muchas veces recopila páginas enteras de otros libros sin hacer mención de donde los toma ni tan sólo distinguir el texto de lo escrito por él, eso desconcierta tanto más cuando uno lee esa frase suya de que "no le gusta adornarse con plumas ajenas", pero por muy sospechoso que eso nos pueda parecer vista la cuestión desde su punto de vista, es trivial: la doctrina gnóstica está muy clara: robarle el fuego al diablo, caminar de la oscuridad a la luz por el sendero que transcurre entre el bien y el mal o dicho de otra forma: usando la super-dinámica sexual. Es eso y nada más que eso, y todo lo demás es prácticamente trivial. Como Avatara su tarea es sintetizar, arbitrar, corregir y puntualizar, resumir la ingente cantidad de credos y doctrinas orientándolas al gran arcano, a la magia sexual. Él no hace otra cosa que dar una y otra vez la clave revestida de cada tradición esotérica para llamar a sus filas a los que estudian tales corrientes. (Pujalte-b)
            Conclusão
            Gostaria de encerrar este artigo com duas considerações finais: a primeira delas é que Zoccatelli foi induzido ao erro de acreditar que Samael é adepto dos conceitos de Gurdjieff desde 1950; na bibliografia de seu artigo ele cita o livro O Matrimônio Perfeito publicado pela AGSACAC como sendo fiel reprodução da 1ª. edição colombiana de 1950. Na verdade as instituições gnósticas somente publicam a edição revisada por Samael em 1961. A edição de 1950, considerada “imperfeita” e desautorizada pelo autor, não voltou a ser republicada ou traduzida[14]. Os outros livros publicados por Samael na década de 50 também passaram por correções posteriores, seja feitas pelo próprio Samael, por seu secretário ou por alguns de seus discípulos. À exceção de O Matrimônio Perfeito, que Samael revisou e seguiu reeditando como sendo um dos livros fundamentais de sua doutrina, o restante de suas obras da década de 50 adquiriram um status secundário; Samael se refere a elas como obras cheias de falhas escritas antes da encarnação de seu Real Ser Interior.
            A segunda consideração é a própria razão de ser deste artigo: acreditamos que a transição ideológica que Samael realiza na primeira década de seu ministério, do rosacrucianismo de Krum-Heller para a psicologia revolucionária de Gurdjieff/Ouspensky constituirá peça fundamental para a compreensão da dinâmica histórica das instituições gnósticas fundadas por Samael Aun Weor, sobretudo após sua morte, em 1977. A síntese que Samael opera entre elementos até então antagônicos (Gurdjieff é um crítico ferrenho do rosacrucianismo e da teosofia) não foi integralmente assimilada por seus principais discípulos e as diferentes instituições que compunham então o universo samaeliano: Julio Medina Vizcaino (V.M. Gargha Kuichines), o mais importante membro da FRA a aderir às fileiras gnósticas na década de 50, tornara-se dirigente da Igreja Gnóstica a nível internacional e permanecera em grande medida fiel ao ideário rosacruz, especialmente à sua tradição litúrgica. A AGEACAC (Associação Gnóstica de Estudos Antropológicos – Ação Civil), fundada no México, para onde Samael se mudara no ano de 1956, e onde se destacam figuras como a esposa de Samael, Arnolda Garro de Gómez (Mestra Litelantes), seu secretário Efrain Villegas Quintero e sua filha Hypatia Gomes Garro, vai aderir integralmente à síntese rosacruz/Gurdjieff. Finalmente, o Movimento Gnóstico Cristão Universal, fundado na Colômbia na década de 1960 e que a partir de 1978 será comandado por Joaquim Amortegui Valbuena (V.M. Rabolu), é radicalmente partidário da Psicologia Revolucionária[15].
            Desde 1976 há na Colômbia uma crescente animosidade entre os partidários de Julio Medina e Joaquim Amortegui. O falecimento do Mestre Samael, em dezembro de 1977, sem que fosse indicado um sucessor para liderar o conjunto das instituições gnósticas, abriu espaço para uma guerra aberta entre as duas facções a partir de 1978, e de ambas contra as instituições sediadas no México (Lopez Bellas, p. 815).
            Enquanto as demais facções se proclamam defensoras fiéis da doutrina samaeliana, Joaquim Amortegui opera uma reforma radical que ele intitula de Nova Ordem e que varre de sua instituição todos os resquícios do rosacrucianismo: a totalidade das práticas litúrgicas foram formalmente proibidas; com exceção de cinco obras que ele declara fundamentais (Tratado de Psicologia Revolucionário, de 1975; A Grande Rebelião, de 1975; As Três Montanhas, de 1972; Sim, há Inferno, Diabo e Karma, de 1975, e O Mistério do Áureo Florescer, de 1971), e do livro O Matrimônio Perfeito, que passou por um novo processo de revisão, todas as outras obras do Mestre Samael foram proibidas (Jaramillo-b, p. 110).
            O prólogo da nova edição de O Matrimônio Perfeito traz a seguinte mensagem:
Na presente obra foram corrigidos alguns erros de imprensa que vinham de edições anteriores, para que chegue de forma mais nítida às mãos de nossos leitores. Também fizemos certos esclarecimentos pela primeira vez, em algumas partes desta obra, com a finalidade de não dar lugar a más interpretações e para que o estudantado assimile o ensinamento da maneira mais correta. Destes esclarecimentos eu me faço totalmente responsável ante as hierarquias e ante os homens”. (Rabolu, WEOR 1991)
            Um discípulo da Nova Ordem do Mestre Rabolu justifica da seguinte maneira a supressão dos livros:
O V.M. Samael foi despertando a sua consciência gradativamente, como todo iniciado. Então é natural que seus primeiros livros não apresentam o mesmo grau de consciência, que os derradeiros. Dai havia muitos erros. Mas, como grande Maestro que é o V.M. tinha a humildade de ir corrigindo os muitos erros que haviam nos primeiros livros. Ele dizia que eram escrito como isca, para atrair os peixinhos, que mais tarde poderiam receber a verdade sobre os Três Fatores de Revolução da Consciência. (...) Nos momentos finais de sua vida, já na crise da morte, o Maestro Samael pediu para que queimassem todos os seus livros, exatamente por causa destes erros. Os seus discípulos imploram, por misericórdia, e o Mestre permitiu-lhes deixar Cinco Livros, que intitulamos os Cinco livros Básicos da Gnose: Tratado de Psicologia Revolucionária; A Grande Rebelião; As Três Montanhas; Sim há Inferno, Sim há Diabo, Sim há Carma e O Mistério do Áureo Florescer. (Mauricio da Silva, in: http://www.agsaw.com.br/livrosbasicos.htm)
            A renovação que Rabolu opera nos ensinamentos de Samael mestre permite traçar uma série de paralelos com processo semelhante que ocorre entre Gurdjieff e seu principal discípulo, Ouspenky, que submeteu os ensinamentos de seu mestre a um rigoroso filtro, e em seguida construiu sua própria interpretação do que constitui de fato o Quarto Caminho[16]; da mesma maneira a Nova Ordem de Rabolu, sob a alegação discursiva de estar “protegendo a essência dos ensinamentos de Samael” (Rabolu, p. 1), vai na prática realizar importantes mudanças de cunho ideológico e institucional e criar de fato uma nova forma de gnosticismo que merece um estudo específico.     
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[1] Além de dois artigos produzidos pelo próprio Zoccatelli, a produção acadêmica sobre Samael Aun Weor e seu movimento se resume basicamente a um artigo de Andy Dawson sobre a Igreja Gnóstica em Curitiba, A Phenomenological Study of the Gnostic Church of Brazil e a tese de Cristina Tamayo intitulada Gnosce Te Ipsum: uma analisis antropologico de la Iglesia Cristiana Universal de Colômbia desde la perspectiva de la Esoterologia, seguida de um artigo na Revista Cuestiones Teológicas intitulado El Movimiento Gnóstico Cristiano Universal de Colômbia: um movimiento esotérico internacional nacido em Colômbia. O Movimento Gnóstico também é tema de Massimo Introvigne no livro Il Ritorno dello Gnosticismo. O trabalho mais completo sobre o assunto é do espanhol José Álvaro Lopez Bellas, Un estúdio de Antropologia Social de las organizaciones: el caso del MGCU (Movimiento Gnóstico Cristiano Universal), de 2008, analisando a instituição fundada por um dos principais discípulos de Samael, Joaquim Amortegui Valbuena (Mestre Rabolu). O primeiro texto brasileiro sobre o assunto é de minha autoria, Usos da arqueologia no discurso religioso: Samael Aun Weor e o renascimento do gnosticismo e foi apresentado na I Semana de Arqueologia do LAP-UNICAMP, em 2013.
[2] Os relatos autobiográficos de Samael e de seus principais discípulos são analisados por Lopez Bellas, p. 645. A vida de Samael também é descrita em ZOCCATELLI 2000 e DOSAMANTES.
[3] Uma lista parcial dos títulos de Krum-Heller pode ser vista em: https://sites.google.com/site/igeomtlaxcala/home/arnold-krumm---heller
[4] Um interessante resumo histórico sobre a vida de Krum-Heller e a Fraternitas Rosicruciana Antiqua pode ser vista em http://hermetic.com/sabazius/krumm.htm; vide também http://fraargentina.host56.com/krummheller.htm. Além de seu importante papel como líder esotérico Krum-Heller teve atuação política durante a Revolução Mexicana de 1910 e em alguns episódios da espionagem alemã no México durante a Primeira Guerra Mundial.

[5] Atitudes dessa natureza são próprias da cosmovisão esotérica da época e relativamente comuns: figuras como Blavatsky e Rudolf Steiner, entre diversos outros, citam relatos de encontros com figuras iluminadas de algum canto remoto do Oriente; Charles Leadbeater, uma das principais figuras da ST, havia em 1908 apresentado um garoto hindu, Jiddu Krishnamurti, como o futuro líder espiritual do mundo.
[6] As aventuras de Omar Cherenzi, até ser desmascarado em 1947, na Europa, por um professor que falava tibetano, são narradas em: http://lagnosisdevelada.com/fuentes-gnosticas/cherenzi-develado-t410.html

[7] “Los indios Arhuacos de la Sierra Nevada de Santa Marta, quemaron todo un pueblo llamado Dibuya, por medio de los elementales del fuego, llamados "Animes" por ellos. En el pequeño poblado de Santa Cruz de Mora, (Estado Mérida) conocí una anciana humilde, que hizo maravillas con los elementales de la naturaleza. Dicha anciana cuando era joven se casó con un indio. Su marido la llevó para la selva, y cuenta de esa tribu, las cosas más "raras", dizque durante el día los indios abandonaban su caserío, y por la noche llegaban todos con apariencia de animales y ya dentro de sus ranchos, tomaban su figura humana.”(WEOR, 1950b, p. 49)

[8] A apropriação de técnicas de magia sexual por esoteristas europeus do século XIX é descrita por Hugh Urban em seu livro Magia Sexualis: Sex, Magic, and Liberation in Modern Western Esotericism. Los Angeles, University of Califórnia Press, 2006. Um panorama histórico também pode ser visto em WALDEMAR, Charles. La Magia del Sexo. México, DF: Editorial Grijalbo, 1963.
[9] “Se os Irmãos Rosa Cruz buscam obras gnósticas nas bibliotecas, sempre que os encarregados de cuidar os livros não tenham seguido o exemplo de São Jerônimo, de queimar tudo o que cheire a questões sexuais, encontrarão verdadeiras maravilhas, como eu as encontrei, pois os Gnósticos foram os que me deram a chave da Magia Sexual. Sei que alguns teósofos me tem chamado de mago negro porque me ocupo destes estudos, mas nisto estão todos de acordo que quanto a magia sexual sou autoridade, que me ocupei muitos anos dessa disciplina, publicando há mais de vinte anos, meu primeiro livro “Não Fornicarás”, que naquela época chamou muito a atenção. Hoje só se encontra nas bibliotecas”.(Krum-Heller, Revista Rosa Cruz, Barcelona, junho de 1930, disponível em: http://www.fravenezuela.com/maestro.htm)
[10] Um adepto de Parsival, defendendo seu sistema, afirma: “a instrução sobre magia sexual é feita de forma interna e no último grau devido à seriedade do tema e à preparação que requer”. (http://lagnosisdevelada.com/fuentes-gnosticas/samael-y-la-orden-rosacruz-t141.html)
[11] No site brasileiro da Astrum Argentum (A.A.), uma das ordens ocultistas fundadas por Crowley, encontramos a seguinte nota:Aos que interessa encobrir a ligação de Crowley com a FRA, dizendo que esta ligação jamais existiu, transcrevemos aqui as próprias palavras de Krumm-Heller em “Logos Mantram e Magia” - Ed. Kier S.A. - 1990: “Al iluminado maestro del invisible cuyo nombre no se debe estampar, a los maestros Basilides, Perdurabo y Recnartus...”. ora, Perdurabo não é outro senão o próprio Crowley, que usou este moto mágico em sua passagem pela Golden Dawn. Ao morrer, Krumm-Heller legou a FRA a seu filho Parzival Krumm-Heller. Entretanto, o Ramo da FRA Brasileira negou-se a aceitar Parzival como líder mundial da Ordem. Nisto seguiu a linha de pensamento de S.Clymer e Samael Aun Weor.” (http://www.astrumargentum.org/arquivos/ht/ensaios/thor_1.htm)
                A mesma nota, referindo-se a Samael: “Era um dos discípulos de Arnold Krumm-Heller (Huiracocha) que freneticamente combatia Thélema. Chamava-se a si mesmo Buddha Maitreya, Kalki Avatara da Nova Era de Aquárius, e fundou o Movimento Gnóstico Cristão Universal que, no Brasil, obteve muitos seguidores. Seu livro “O Matrimonio Perfeito” foi bastante divulgado em nosso país.
Em outro de seus inúmeros livros, “Rosa Ignea”,(...) Samael Aun Weor declara o seguinte a respeito de Parzival Krumm-Heller (pag.25): “... esta magia sexual negativa, que ensina o traidor Parsival Krumm-Heller, e o sinistro Baal Omar Cherenzi Lind.”

[12] “Por aquella época el maestro no tenía la intención de formar ninguna escuela, sino que predicaba el sendero del hogar doméstico, y trataba de entregar todas las claves del ocultismo en sus libros.” (http://www.gnosis2002.com/revisiones/asg.htm) O comentário é referente à sua obra Apuntes secretos um guru, de maio de 1952.
[13] Listas dessa natureza podem ser vistas, por exemplo, num dos mais acessados sites de combate ao gnosticismo, La Gnosis Develada, em: http://lagnosisdevelada.com/fuentes-gnosticas/los-plagios-de-samael-al-tertium-organum-de-ouspensky-t151.html e http://lagnosisdevelada.com/fuentes-gnosticas/plagios-de-samael-aun-weor-al-cuarto-camino-de-gurdieff-t106.html. Uma descrição detalhada de passagens retiradas das obras de Gurdjieff/Ouspensky também pode ser vista no Apêndice 1 da obra de Lopez Bellas, vol II., pp. 3-122.

[14] O texto de 1950 somente tornou-se acessível recentemente, graças ao trabalho de divulgação das primeiras obras de Samael empreendido por Francisco Caparros Pujalte em seu site http://www.gnosis2002.com .

[15] Cristina Tamayo Jaramillo descreve de forma resumida as diferenças estruturais entre as três facções (Jaramillo-b, p. 254)
[16] OUSPENSKY 2010; no último capítulo o autor faz um relato detalhado de suas desavenças com Gurdjieff e de como começa a estruturar uma filosofia de trabalho interior própria.

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