Introdução
O
objetivo deste artigo é contribuir com o debate proposto pelo sociólogo
italiano Pierluigi Zoccatelli, que analisa a influência das idéias do
esoterista armênio George Ivanovitch Gurdjieff (1866-1949) sobre o Movimento
Gnóstico fundado pelo colombiano Samael Aun Weor em 1949.
O objetivo de nossa pesquisa é analisar estratégias discursivas de legitimação doutrinária e identitária no milieu do moderno esoterismo ocidental; interessam-nos em particular historicizar os processos de apropriação e construção de representações sociais a partir da metodologia proposta por Roger Chartier e Sandra Pesavento. A definição e delimitação do esoterismo como campo de estudo acadêmico é tema de um acesso debate dentro da Ciência das Religiões; optamos pelo estudo do esoterismo enquanto campo específico de pesquisa, a História do Esoterismo Ocidental, e em especial pela abordagem cultural proposta por historiadores do esoterismo como Kocku von Stuckrad, Willian Goodrick-Clark e Wouter Hanegraaf, que propõem um modelo de história religiosa que concebe a Europa como um espaço multirreligioso onde ocorre uma permanente dinâmica de inter-relação e influência mútua, e que consideram o esoterismo como elemento estrutural da cultura ocidental moderna (Stuckrad, Goodrick-Clark, Hanegraaf); a delimitação do objeto de estudo e a definição de sua identidade comum é feita a partir dos conceito de cultic milieu de Colin Campbell (Campbell, p. 122-123), e de “campo discursivo” de von Stuckrad, que basicamente versam sobre como os traços comuns da cosmovisão esotérica superam as barreiras institucionais e estimulam um intenso trânsito de idéias e uma profunda apropriação sincrética. (Stuckrad 2005, p. 3-11)
O sociólogo italiano Perluigi
Zoccatelli realizou uma importante pesquisa sobre as idéias do ocultista
armênio George Ivanovich Gurdjieff
(1866-1949); num primeiro momento ele reflete sobre as possiveis influências
presentes no processo de formação de sua “Psicologia do Quarto Caminho”; em
seguida ele analisa o impacto que as idéias de Gurdjieff tiveram sobre o
esoterismo tradicional e sobre a nova onda de espiritualidade sincrética
conhecida como Movimento Nova Era, ou
New Age. Num de seus artigos ele
analisa com muita propriedade como a cosmovisão de Gurdjieff e seu principal
discipulo, o físico e psicólogo P. D. Ouspensky (1878-1947), são apropriadas e
representadas na obra do esoterista colombiano Samael Aun Weor.
Zoccatelli
é um dos diretores do Centro Studi Sulle
Nuove Religioni (CESNUR) e
membro de diversas associações de estudos acadêmicos do Esoterismo e de
Psicologia e Sociologia da Religião. Num artigo para a revista Aries ele
enumera as três razões que o levaram a estudar o tema:
(1)
Gurdjieff e Samael são duas figuras muito importantes para a compreensão do milieu esotérico-ocultista
contemporâneo; ambos constituem a origem de uma complexa genealogia de grupos e
instituições que se difundiram a nível internacional e abarcam dezenas de
milhares de membros; nós acrescentaríamos que suas idéias não se restringiram
ao campo religioso, tendo exercido poderosa influência sobre a cultura e a
sociedade modernas, desde campos tão diversos como a educação, artes e
psicologia, até a formação de movimentos políticos. Zocatelli acredita que a
dinâmica dos grupos criados por ambos esoteristas se encaixa na categoria de “hipertrofia da filiação” proposta pelo
sociólogo Massimo Introvigne, mas que para afirmar isso faltam estudos mais
detalhados; os estudos sobre Gurdjieff ainda contêm uma série de lacunas
importantes, enquanto que sobre Samael há pouquíssimo material produzido até o
presente[1].
(2)
Zoccatelli considera que Samael e Gurdieff constituem dois exemplos interessantes
para validação do conceito hermenêutico-sociológico de “carisma do livro”, proposto pela norte-americana Jane
Willians-Hogan; a autora propõe a idéia analisando a obra de Emanuel Swedenborg
(1688-1772) e constatando como seus livros vão dar origem a uma pletora de
movimentos organizados que extrapolam completamente as intenções presumidas do
autor; o livro proporciona uma experiência íntima que ele resume da seguinte
forma:
É um fenômeno de particular importância,
ao mesmo tempo universal, porque atrai a atenção para um nível de realidade mais profunda, que desempenha uma função unificadora e vai além de seus
conceitos culturais de pertencimento, e pessoal, na medida em que convida o
indivíduo a confrontar-se com sua própria vida e suas necessidades, na qual o
individuo encontra num livro uma resposta que parece apelar especificamente a
ele. (Zoccatelli 2005, p. 256)
(3) Finalmente, Zocatelli admite que os
ensinamentos de Samael lhe trouxeram uma compreensão muito mais profunda sobre
o verdadeiro papel da magia sexual
(ou alquimia interna) nos
ensinamentos do próprio Gurdjieff; ele destaca duas descobertas que ele procura
demonstrar ao longo do texto: a primeira, de que o entendimento tradicional de
que a questão sexual é meramente periférica e não prioritária no sistema de
trabalho interior gurdjieffiano é fruto de uma leitura superficial, e de que
uma leitura a partir da interpretação proposta por Samael demonstra que o tema
é parte do coração do Quarto Caminho, como Gurdjieff chama seu modelo de
trabalho interior, e não pode ser compreendido senão a partir da compreensão da
sexualidade como forma eminente de relação com o transcendente. A segunda é o
papel central que o pensamento de Gurdjieff desempenha na obra samaeliana:
Zocatelli argumenta que Krum-Heller forneceu a Samael o modus operandi da magia sexual, mas que todo o suporte teórico que
sustenta a prática foi extraído quase literalmente da obra de Gurdjieff e seu
principal discípulo, Ouspensky (idem, p. 267).
Meu propósito é analisar o processo de
assimilação das idéias de Gurdjieff por Samael. Pretendo demonstrar que elas
não ocorrem desde a fundação do Movimento Gnóstico, como acredita Zocatelli
(idem, p. 272), mas são fruto de um longa transição do modelo rosacruz de
Krum-Heller até o sistema gurdjieffiano que dura pelo menos uma década.
Adicionalmente, vou apresentar a hipótese de que toda uma problemática surgida
ao longo dessa transição doutrinária constitui a causa causorum do principal cisma dentro das instituições gnósticas
nos últimos anos de vida de Samael.
O iniciado rosacruz
Nosso
estudo de caso analisa exatamente um personagem situado na transição entre o
esoterismo tradicional e a Nova Era, o esoterista colombiano Victor Manuel
Gómez, auto-intitulado Samael Aun Weor; o movimento fundado por ele pode ser
definido como “fronteiriço” em diversos sentidos: temporalmente, pela
precocidade com que incorpora idéias que serão marcas identitárias do Movimento Nova Era, como a crença no
aparecimento de naves extraterrestres; Samael está situado num periodo de
transição entre as instituições esotéricas tradicionais formadas na segunda
metade do século XIX e a nova religiosidade de inspiração esotérica que vai se
disseminar com incrível velocidade a partir da década de 1960; geograficamente,
por nascer e se expandir na periferia do universo esotérico ocidental, cujo
centro tradicional de irradiação é a Europa; grupos esotéricos na América do
Sul com alguma expressividade somente são conhecidos a partir da 1920. Sua
ímpar situação temporal e geográfica o torna um elemento especialmente
interessante para fins de delimitação conceitual dos objetos em questão,
Esoterismo Ocidental e Movimento Nova Era
(Snoek, p. 9).
Victor
Manuel Gómez nasceu em Bogotá em 1917, numa família de classe média. A infância
de Victor foi marcada pela separação de seus pais; após uma curta e turbulenta
convivência com a madrasta passou a viver com a mãe, aos 12 anos; a partir de
então começou a ter contato com grupos espíritas. O contato com a literatura
espírita, sobretudo Kardec e Leon Denis, logo despertou seu interesse por temas
esotéricos; leu Blavatsky e aos 16 anos filiou-se à Sociedade Teosófica (ST); a
loja colombiana da ST havia sido fundada em 1921 e desde 1929 possuía um Centro
Juvenil em Bogotá; em 1934, com 17 anos de idade, tornou-se conferencista da
S.T. No ano seguinte filiou-se à FRA (Fraternitas
Rosicruciana Antiqua), então dirigida por Israel Rojas[2]. A
participação simultânea em diferentes escolas esotéricas era prática comum e
considerada ao mesmo tempo símbolo de status e de amplitude de visão
espiritual; o próprio fundador da FRA se orgulhava de sua ligação simultânea a
pelo menos meia dúzia de instituições da Maçonaria, Rosacrucianismo e Teosofia.[3]
A
Rosacruz Antiqua é uma clássica escola esotérica tradicional, com uma
importante especificidade: ela faz parte das escolas européias que incorporaram
ao seu repertório de práticas mágicas os exercícios sexuais de algumas escolas
tântricas da Índia, conhecidos como sahaja
maithuna (Krum-Heller 1929, p. 43); seu fundador, o médico e militar alemão
Arnold Krum-Heller, havia sido discípulo de Theodor Reuss, membro da
prestigiosa ordem hermética Golden Dawn
e fundador da OTO (Ordo Templo Orientis).
Krum-Heller teve entre seus colegas de estudos figuras como Spencer Lewis
(fundador da AMORC) e o famoso mago Aleister Crowley, um dos maiores ícones do
Ocultismo (cuja fama extrapolaria o universo ocultista e o tornaria um dos
símbolos da contracultura; idolatrado, entre outros, por bandas de hard rock
como Black Sabbat). Em 1910
Krum-Heller mudou-se para o México como delegado da Ordem Martinista e da OTO;
mais tarde fundou sua própria instituição, a FRA, e realizou um giro por
diversos paises sulamericanos para divulgar a instituição. A loja colombiana da
FRA foi fundada em 1927[4].
Victor
ingressou na FRA em 1935; teve um rápido progresso dentro da nova escola e logo
conquistou um cargo episcopal dentro de seu braço litúrgico, a Igreja Gnóstica.
Krum-Heller atribuía uma grande importância ao estudo dos textos gnósticos, em
especial o Pistis Sophia, e isso
exerceu importante influência sobre as concepções esotéricas do próprio Victor.
Em
1938 o dirigente colombiano da FRA, Israel Rojas, apresentou um estudante
chamado Omar Cherenzi Lind à comunidade rosacruz como sendo um autêntico
iniciado vindo do Tibete.[5];
não demorou para que Israel Rojas se convencesse de que Cherenzi era o próprio Avatara da futura Era de Aquário, como
anunciou publicamente[6].
Isso produziu um grande entusiasmo inicial e formou-se uma instituição
congregando estudantes das diferentes escolas rosacruzes e teosóficas, a
Universidade Espiritual da Colômbia. Em pouco tempo Israel Rojas e Cherenzi se
desentendem seriamente e começa uma violenta troca de acusações entre os dois
partidos.
Victor se rebelou violentamente com o novo
estado de coisas e acabou se afastando da instituição; essa ocasião marca um
momento de profunda crise existencial em sua vida: o afastamento da FRA
coincide com o abandono dos estudos (seguindo os passos de Krum-Heller, estudou
medicina por dois anos em Bogotá) e com o fracasso de um casamento que durou
poucos meses.
No
periodo entre 1941 e 1947 Victor abandonou a capital e passou a viver uma vida
errante pelo interior colombiano, ganhando a vida como uma espécie de curandeiro.
Neste periodo conheceu a mulher que seria sua companheira pelo resto da vida,
Arnolda Garro.
Victor
deixou deste periodo relatos que lhe conferem um ar de epopéia mítica que
lembra em alguns momentos a história clássica da iluminação de Buda, que deixa
sua família abastada e parte para a floresta em busca de uma experiência direta
com o divino.
Um
de seus relatos sobre os motivos que o levaram a se afastar da FRA:
“Yo me convencí entonces que las teorías no
conducen al hombre a ninguna parte y que las escuelas de espiritualistas que
para ese tiempo había en Colombia, eran solo jaulas de loros que a ninguna
parte me conducirían.” (Weor 1950, p. 8)
E a descrição de sua epopéia
seguinte:
“Desilusionado, pues, de esas escuelas de
"sabihondos" me retiré al silencio y a la meditación, me consagré de
lleno al desarrollo de mis propios poderes internos a fin de adquirir el
conocimiento directo y librarme de tantas teorías y de tantos insultos
autoritarios. Y, al fin de muchos y terribles esfuerzos tuve la dicha, la
inmensa dicha de despertar sobre el altar de la Iniciación. Fue entonces cuando
me vine a dar cuenta exacta de que yo, Aun Weor, no necesitaba para nada de
aquellas escuelas porque yo había transitado en pasadas reencarnaciones por
todos los Misterios Menores y en Egipto durante la dinastía del faraón Kefren,
había llegado al grado de Hierofante de Misterios Menores.” (idem, p. 9)
Sua
obra posterior menciona o encontro e convivência com médiuns, curandeiros e
bruxos em comunidades remotas da amazônia colombiana; também teria vivido em
comunidades indígenas, sobretudo entre os mamas (curandeiros) arahuacos. Passou
estes anos vivendo ele próprio como uma espécie de curandeiro, efetuando curas
e vendendo pomadas (DOSAMANTES, pp. 33-44)[7].
Esse
periodo marca o ponto de inflexão em sua vida: deixa de lado as teorias e se
dedica intensamente às práticas mágicas do repertório rosacruz; o resultado é
um progressivo processo de “iluminação”, que Victor atribui principalmente à
prática do sahaja maithuna. Transformado
internamente, ele se autodenomina Aun
Weor, “verbo divino” (Lopez Bellas, p. 652).
No
inicio de 1948, Victor (agora Aun Weor) retorna à cidade de Cienaga e procura
alguns de seus amigos da FRA, Julio Medina e Rafael Romero Cortês, para anunciar
sua missão enquanto iluminado. Suas obras posteriores, bem como o relato de
seus principais seguidores, apresentam uma versão teleológica de que Aun Weor
retorna do interior colombiano determinado a criar uma escola esotérica que
represente uma radical ruptura com as instituições existentes; seus escritos da
época, no entanto, sugerem muito mais a intenção de operar reformas
doutrinárias e administrativas dentro do próprio ambiente da FRA: é eloqüente,
nesse sentido, o fato de que, apesar de haver criado um círculo de estudos
esotéricos em abril de 1948, Aun Weor decide publicar sua primeira obra somente
após o falecimento de Krum-Heller, em maio de 1949. Suas duas primeiras obras, O Matrimônio Perfeito ou a Porta de Entrada
à Iniciação, lançado em maio de 1950, e a Revolução de Bel, de outubro do mesmo ano, são claramente dirigidas
ao público rosacruz e possuem um propósito claro: combater as doutrinas
tântricas de Cherenzi.
Resumindo
o conflito, Samael é adepto de exercícios sexuais onde existe a cópula, mas não
se chega ao orgasmo; a conjunção carnal (sahaja
maithuna) serviria apenas para preparar a energia sexual para ser
canalizada internamente através de exercícios respiratórios (pranayamas); Cherenzi, pelo contrário, é
adepto de sistemas que admitem o orgasmo; o sêmen retirado do órgão feminino é
considerado mágico e é reabsorvido, seja por meio de ingestão ritual ou
reinserido na uretra por meio de exercícios iogues (WEOR 1950, pp. 15-20, p.
45):
“La Iglesia Gnóstica» de Krumm Heller y «El Kundalini o Serpiente
Ígnea de nuestros mágicos poderes» de Omar Cherenzi Lind, son las dos antípodas
del Kundalini. La obra de Krumm Heller es una obra de magia blanca. La obra de
Cherenzi es una obra de magia negra.” (idem, p. 18)
O
que a obra de Samael está documentando é um importante capítulo da evolução das
práticas sexuais tântricas no ocidente; trazidas inicialmente por estudiosos
ingleses das obras clássicas do misticismo hindu, estes exercícios logo
despertaram um imenso interesse nos círculos esotéricos europeus[8].
Samael
se apresenta neste momento como um defensor do “sistema autêntico”, o sahaja maithuna tal como ensinado pelo
fundador da Rosacruz Antigua. Krum-Heller menciona pudicamente a prática em
suas obras em latim: inmisio membri
virilis in vaginam sine ejaculatio seminis (Krum-Heller 1926)[9];
as primeiras obras de Samael são em grande parte baseadas nos livros de
Krum-Heller, que ele cita com grande frequência e da qual extraiu idéias
importantes para a compreensão de seu sistema, como a expressão “seminizar o
cérebro”. A importância e o próprio modus
operandi da magia sexual não são unânimes entre os discípulos de
Krum-Heller, no entanto; seu próprio filho Parsival Krum-Heller, aceito por
parte da FRA como sucessor do fundador, vai defender um sistema misto em que o
casal deve manter normalmente o sexo comum e praticar os exercícios sem perda
seminal em ocasiões específicas, como parte da preparação de discípulos já em
avançados graus iniciáticos[10].
Cherenzi,
por sua vez, é adepto de algumas das experiências de magia sexual feitas por
Aleister Crowley e adotadas pela O.T.O.; a assim denominada magia sexual
thelemita preconiza a perda seminal (inclusive através da masturbação ou de
relação homossexual) e sua ingestão como parte de um ritual mágico, normalmente
em grupo (Koenig).
Havia
ainda um elemento complicador nesse debate: a relação amistosa entre
Krum-Heller e Crowley, observada em trocas de correspondência e citações
recíprocas, aparentemente indicando que as diferentes concepções sobre sexualidade
tântrica não constituam obstáculo significativo para o trabalho conjunto[11].
Aun
Weor dá uma nova dimensão à questão sexual em sua cosmovisão: a magia sexual
torna-se o eixo central de toda a doutrina:
“Después de meterme un millón de teorías en la cabeza llegué a la
conclusión de que yo había perdido el tiempo miserablemente, porque la
Iniciación no es cuestión de teorías ni de autoritarismos, ni de leer libros.
La Iniciación es únicamente cuestión de sacar el maximum de provecho de la
médula y del semen y para esto el único camino es "querer"
intensamente a la mujer –esposa–.” (idem, p. 10)
A transição
Como
se pode constatar na leitura das obras iniciais de Samael, sua mensagem tem o
propósito inicial de defender o que ele considera a essência dos ensinamentos
rosacruzes de Krum-Heller, em especial a prática da magia sexual sem perda
seminal, que ele intitula de tantrismo branco (estabelecendo assim uma clara
distinção com os exercícios admitidos por Parsival e Cherenzi, classificamos de
tantrismos cinza e negro, respectivamente). O alvo de seu discurso é claramente
o universo de adeptos e simpatizantes do milieu
esotérico colombiano; alguns são nominalmente citados no livro A Revolução de Bel: rosacruzes,
teósofos, maçons, estudantes da Universidade Espiritual e espiritualistas em
geral (Weor, 1950-b, pp. 81-113).
Samael
não tem o propósito de criar uma nova escola; sua preocupação mais evidente é
de estimular uma reforma nas instituições existentes[12].
Sua produção bibliográfica inicial é destinada essencialmente a explicar os
ensinamentos de Krum-Heller, como podemos ver a seguir:
Em
1950 ele escreveu O Matrimônio Perfeito
ou A Porta de Entrada à Iniciação e A
Revolução de Bel, onde a temática principal é a denúncia dos ensinamentos
de magia sexual de Cherenzi e Parsival e a apresentação da magia sexual tal
como ensinada por Krum-Heller.
Sua
terceira obra, Curso Zodiacal, de
1951, é toda baseada no livro homônimo de Krum-Heller, de 1929, e são
absolutamente complementares.
Seu
quarto livro, Apuntes Secretos de um Guru
(Apontamentos secretos de um guru), impressa em maio de 1952, traz a Missa
Gnóstica tal como consta na liturgia da Igreja Gnóstica estabelecida por
Krum-Heller.
O Tratado de Medicina Oculta y Magia Prática,
de 1952, é baseado essencialmente nas concepções de Krum-Heller sobre a
fisiologia humana; o esoterista alemão era médico e seus livros estão repletos
de teorias sobre biorritmo e cura de enfermidades através de exercícios
respiratórios, osmoterapia e medicina natural. Embora a obra contenha uma série
de receitas originais, aprendidas por Samael durante seu giro pela amazônia
colombiana, sua concepção de medicina e magia seguem essencialmente as idéias
do mestre alemão.
No
periodo de 1952 a
1960 Samael publicou um total de 20 livros; muitos deles são pequenos livretos
de divulgação ou comentários sobre temas secundários que também interessam ao
esoterista, como a questão dos discos voadores; os livros doutrinários, no
entanto, permanecem sendo releituras do credo rosacruz, como é o caso de Logos, Mantram, Teurgia, de 1959, que
analisa Logos, Mantram, Magia de
Krum-Heller, escrita em 1930. Samael também faz menção freqüente de outro
importante mestre da FRA, Jorge Adoum (1897-1958), também conhecido como Mago
Jefa.
Em
1961, porém, Samael empreende uma longa revisão de seu primeiro livro, O Matrimônio Perfeito, e faz publicar
uma edição “ampliada e corrigida”; o novo texto traz uma série de modificações,
não só de estilo, mas principalmente doutrinárias. Pela primeira vez é possível
perceber em sua obra o uso de idéias do universo ideológico de Gurdjieff, como
os sete centros da máquina humana (WEOR 1961, p. 71), a transmutação dos
hidrogênios, o exercício de recordação de si mesmo (idem, pp. 74-76) e o famoso
hidrogênio SI-12 resultante da prática de magia sexual (p. 94). A quarta
dimensão é explicada conforme o modelo apresentado pelo principal discípulo de
Gurdjieff, Ouspensky, que tem um trecho de seu livro citado literalmente:
El
gran escritor Pedro Ouspensky, dijo: “En el mundo de las magnitudes infinitas y
variables, una magnitud puede no ser igual a sí misma; una parte puede ser
igual al todo; y de dos magnitudes iguales una puede ser infinitamente mayor
que la otra”.(p. 165)
Uma
série importante de ideáis gurdjieffianas também é mencionada sem que haja
referências ao autor, como é o caso do “quarto caminho”, a expressão que resume
o método de Gurdjieff e identifica o principal movimento criado a partir de
seus ensinamentos, a Escola do Quarto Caminho:
El
primer camino lo vivimos en la vida práctica aprendiendo a vivir rectamente. El
segundo camino reside en nuestra Iglesia. Esta tiene sus sacramentos, sus
rituales y su vida conventual. El tercer camino lo vivimos como ocultistas
prácticos. Tenemos nuestras prácticas esotéricas. Ejercicios especiales para el
desarrollo de las facultades latentes en el hombre. El cuarto camino, la Vía
del Hombre Astuto, la vivimos en la práctica dentro del más completo
equilibrio. Estudiamos la Alquimia y la Cábala. Trabajamos desintegrando el yo
psicológico. (Weor 1961, p. 60)
É o
inicio de uma guinada definitiva no corpo doutrinário: o universo mágico
rosacruz vai gradativamente ficar em segundo plano; sob os refletores vai
surgir toda uma noção de psicologia transformadora fortemente apoiada nas
idéias do Trabalho Interior da dupla Gurdjieff/Ouspensky.
De
forma esquemática, poderíamos afirmar que a doutrina samaeliana da década de
1950 tem como pilares principais a Magia Sexual, as regras morais e éticas do
cristianismo e os exercícios mágicos e práticas litúrgicas rosacruzes. Em 1970,
quando sua doutrina já está consolidada, Samael resume seus ensinamentos no que
ele chama de Três Fatores de Revolução da Consciência; Zocatelli os descreve da
seguinte maneira:
(a) morte do
universo interno negativo de cada um (o "ego", ou agregados artificiais da psique que impedem a manifestação do ser) através da auto-descoberta, a compreensão e a desintegração de todos os agregados psicológicos (bloqueios, condicionamentos, identificações, medos,
etc.) que impedem a livre
circulação de energia e o despertar da "consciência objetiva",
(b) o nascimento dos corpos existenciais internos ou superiores do Ser (corpo astral, o corpo mental, corpo causal),
que são essenciais como veículos para as dimensões
superiores ao mundo fisico , graças à
transmutação das energias criativas (através da prática do "Arcano
AZF", ou seja, a prática de magia
sexual sem emissão de sêmen,
resultando em "cerebralização" do semen e
“seminização” do cérebro, a fim de alcançar o
desenvolvimento total e regeneração,
despertar faculdades como a
clarividência, clariaudiência, intuição
e telepatia; (C) o sacrifício pela humanidade, que consiste na
divulgação do ensinamento gnóstico. (Zoccatelli 2005, p. 264)
A
influência de Gurdjieff neste novo formato é evidente: o primeiro fator, a
Morte Psicológica, tem como ponto de partida práticas descritas por Ouspensky
em seu livro Em busca do milagroso:
fragmentos de um ensinamento desconhecido; Samael divide a morte do ego em
três etapas: (1) auto-observação do ego, (2) compreensão do ego e (3)
eliminação mística do ego. A primeira etapa é baseada exclusivamente nos
exercícios de auto-observação da dupla Gurdjieff/Ouspensky; a compreensão
utiliza elementos das meditações ensinadas por Krishnamurti, e a eliminação
mística é um desenvolvimento da idéia de partes autônomas do ser que
encontramos em Gurdjieff, mas que são apropriadas por Samael de uma forma muito
original, formando o coração de um culto do Eterno Principio Feminino, a Deusa
ou Mãe Divina que lembra em diversos aspectos o culto mariano dentro do
catolicismo latinoamericano.
O
segundo fator, o Nascimento Alquímico, é a Magia Sexual como ensinada por
Krum-Heller acrescida de todo o suporte teórico de Gurdjieff sobre a fisiologia
das energias transmutadas dentro do organismo.
A
apropriação de idéias de Gurdjieff por Samael vai produzir uma série de
críticas, vindas principalmente do próprio universo esotérico; é muito comum
encontrarmos na internet listas indicando as enormes passagens de livros de
Gurdjieff e principalmente de Ouspensky que são reproduzidas literalmente nas
obras de Samael como se fossem de sua autoria[13].
Samael se defende dizendo que sua missão é sintetizar as doutrinas existentes;
essa é a linha de defesa seguida por seus discípulos:
La
gnosis misma es inseparable de él (o tertium organum), y aunque se acusa mucho
a Samael de tomar su doctrina psicológica de la escuela del cuarto camino a la
que pertenece esta cita, lo cierto es que él hace un revisionismo de lo que
cita, y se apoya en lo que cita para tratar de ir más lejos, desgraciadamente
pocos lo pueden seguir, y por eso tanto sabihondo lo acusa de plagio.
(Pujalte-a)
Su doctrina es una síntesis,
(Samael) muchas veces recopila páginas enteras de otros libros sin hacer mención
de donde los toma ni tan sólo distinguir el texto de lo escrito por él, eso
desconcierta tanto más cuando uno lee esa frase suya de que "no le gusta
adornarse con plumas ajenas", pero por muy sospechoso que eso nos pueda
parecer vista la cuestión desde su punto de vista, es trivial: la doctrina
gnóstica está muy clara: robarle el fuego al diablo, caminar de la oscuridad a
la luz por el sendero que transcurre entre el bien y el mal o dicho de otra
forma: usando la super-dinámica sexual. Es eso y nada más que eso, y todo lo
demás es prácticamente trivial. Como Avatara su tarea es sintetizar,
arbitrar, corregir y puntualizar, resumir la ingente cantidad de credos y
doctrinas orientándolas al gran arcano, a la magia sexual. Él no hace otra cosa
que dar una y otra vez la clave revestida de cada tradición esotérica para
llamar a sus filas a los que estudian tales corrientes. (Pujalte-b)
Conclusão
Gostaria de encerrar este artigo com
duas considerações finais: a primeira delas é que Zoccatelli foi induzido ao erro
de acreditar que Samael é adepto dos conceitos de Gurdjieff desde 1950; na
bibliografia de seu artigo ele cita o livro O
Matrimônio Perfeito publicado pela AGSACAC como sendo fiel reprodução da
1ª. edição colombiana de 1950. Na verdade as instituições gnósticas somente
publicam a edição revisada por Samael em 1961. A edição de 1950,
considerada “imperfeita” e desautorizada pelo autor, não voltou a ser
republicada ou traduzida[14].
Os outros livros publicados por Samael na década de 50 também passaram por correções
posteriores, seja feitas pelo próprio Samael, por seu secretário ou por alguns
de seus discípulos. À exceção de O Matrimônio Perfeito, que Samael revisou
e seguiu reeditando como sendo um dos livros fundamentais de sua doutrina, o
restante de suas obras da década de 50 adquiriram um status secundário; Samael
se refere a elas como obras cheias de falhas escritas antes da encarnação de
seu Real Ser Interior.
A segunda consideração é a própria
razão de ser deste artigo: acreditamos que a transição ideológica que Samael
realiza na primeira década de seu ministério, do rosacrucianismo de Krum-Heller
para a psicologia revolucionária de Gurdjieff/Ouspensky constituirá peça
fundamental para a compreensão da dinâmica histórica das instituições gnósticas
fundadas por Samael Aun Weor, sobretudo após sua morte, em 1977. A síntese que Samael
opera entre elementos até então antagônicos (Gurdjieff é um crítico ferrenho do
rosacrucianismo e da teosofia) não foi integralmente assimilada por seus
principais discípulos e as diferentes instituições que compunham então o
universo samaeliano: Julio Medina Vizcaino (V.M. Gargha Kuichines), o mais
importante membro da FRA a aderir às fileiras gnósticas na década de 50,
tornara-se dirigente da Igreja Gnóstica a nível internacional e permanecera em
grande medida fiel ao ideário rosacruz, especialmente à sua tradição litúrgica.
A AGEACAC (Associação Gnóstica de Estudos Antropológicos – Ação Civil), fundada
no México, para onde Samael se mudara no ano de 1956, e onde se destacam
figuras como a esposa de Samael, Arnolda Garro de Gómez (Mestra Litelantes),
seu secretário Efrain Villegas Quintero e sua filha Hypatia Gomes Garro, vai
aderir integralmente à síntese rosacruz/Gurdjieff. Finalmente, o Movimento
Gnóstico Cristão Universal, fundado na Colômbia na década de 1960 e que a
partir de 1978 será comandado por Joaquim Amortegui Valbuena (V.M. Rabolu), é
radicalmente partidário da Psicologia Revolucionária[15].
Desde 1976 há na Colômbia uma
crescente animosidade entre os partidários de Julio Medina e Joaquim Amortegui.
O falecimento do Mestre Samael, em dezembro de 1977, sem que fosse indicado um
sucessor para liderar o conjunto das instituições gnósticas, abriu espaço para
uma guerra aberta entre as duas facções a partir de 1978, e de ambas contra as
instituições sediadas no México (Lopez Bellas, p. 815).
Enquanto as demais facções se
proclamam defensoras fiéis da doutrina samaeliana, Joaquim Amortegui opera uma
reforma radical que ele intitula de Nova
Ordem e que varre de sua instituição todos os resquícios do
rosacrucianismo: a totalidade das práticas litúrgicas foram formalmente
proibidas; com exceção de cinco obras que ele declara fundamentais (Tratado de Psicologia Revolucionário, de
1975; A Grande Rebelião, de 1975; As Três Montanhas, de 1972; Sim, há Inferno, Diabo e Karma, de 1975,
e O Mistério do Áureo Florescer, de
1971), e do livro O Matrimônio Perfeito,
que passou por um novo processo de revisão, todas as outras obras do Mestre
Samael foram proibidas (Jaramillo-b, p. 110).
O prólogo da nova edição de O Matrimônio Perfeito traz a seguinte
mensagem:
Na presente obra
foram corrigidos alguns erros de imprensa que vinham de edições anteriores,
para que chegue de forma mais nítida às mãos de nossos leitores. Também fizemos
certos esclarecimentos pela primeira vez, em algumas partes desta obra, com a
finalidade de não dar lugar a más interpretações e para que o estudantado
assimile o ensinamento da maneira mais correta. Destes esclarecimentos eu me
faço totalmente responsável ante as hierarquias e ante os homens”. (Rabolu,
WEOR 1991)
Um discípulo da Nova Ordem do Mestre
Rabolu justifica da seguinte maneira a supressão dos livros:
O V.M. Samael foi despertando a sua
consciência gradativamente, como todo iniciado. Então é natural que seus
primeiros livros não apresentam o mesmo grau de consciência, que os
derradeiros. Dai havia muitos erros. Mas, como grande Maestro que é o V.M.
tinha a humildade de ir corrigindo os muitos erros que haviam nos primeiros
livros. Ele dizia que eram escrito como isca, para atrair os peixinhos, que
mais tarde poderiam receber a verdade sobre os Três Fatores de Revolução da
Consciência. (...) Nos momentos finais de sua vida, já na crise da morte, o
Maestro Samael pediu para que queimassem todos os seus livros, exatamente por
causa destes erros. Os seus discípulos imploram, por misericórdia, e o Mestre
permitiu-lhes deixar Cinco Livros, que intitulamos os Cinco livros Básicos da
Gnose: Tratado de Psicologia Revolucionária; A Grande Rebelião; As Três Montanhas;
Sim há Inferno, Sim há Diabo, Sim há Carma e O Mistério do Áureo Florescer.
(Mauricio da Silva, in: http://www.agsaw.com.br/livrosbasicos.htm)
A renovação que Rabolu opera nos
ensinamentos de Samael mestre permite traçar uma série de paralelos com processo
semelhante que ocorre entre Gurdjieff e seu principal discípulo, Ouspenky, que
submeteu os ensinamentos de seu mestre a um rigoroso filtro, e em seguida
construiu sua própria interpretação do que constitui de fato o Quarto Caminho[16];
da mesma maneira a Nova Ordem de Rabolu, sob a alegação discursiva de estar
“protegendo a essência dos ensinamentos de Samael” (Rabolu, p. 1), vai na
prática realizar importantes mudanças de cunho ideológico e institucional e
criar de fato uma nova forma de gnosticismo que merece um estudo específico.
Bibliografia
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia de Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1997.
BIANCHI, U. Religion et les religiona: saggi di metodologia della stória de lê
religioní. Roma, LEIDEN, 1982.
BURKE, Peter (org.). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: 2011. Editora
Unesp.
CAMPBELL, Colin. The Cult, the Cultic Milieu and Secularization,
in A Sociological Yearbook of Religion in
Britain
5 (1972), p. 119-136.
CAMPOS, Marcelo L. Usos da arqueologia no discurso religioso: Samael Aun Weor e o
renascimento
do gnosticismo. Anais da I Semana de Arqueologia do LAP-UNICAMP. Disponível
em: http://www.nepam.unicamp.br/arqueologiapublica/revista/anais/antiguidade-aqueologia-e-poder/PDFs/arquivo8.pdf
(consultado em 07/06/2013).
CARF. Diccionário Esotérico
Gnóstico. La Coruña: 1984, Ediciones de Carf.
CHARTIER, Roger. História Cultural: entre Práticas e Representações. Algés,
Portugal. 2ª. edição. Tradução Maria Manuela Galhardo. DIFEL, 2002.
DAWSON, Andy. A Phenomenological Study of the Gnostic Church of Brazil. Fieldwork in Religion, Vol 2, No 1 (2006), Equinox Publishing.
DOSAMANTES, J. Alfredo. Litelantes,
a Grande Estrela do Dragão. Rio de Janeiro: 2009. IGLISAW. Disponivel em: http://www.iglisaw.com/docs/livros_portugues/LITELANTES%20A%20GRANDE%20ESTRELA%20DO%20DRAGAO.pdf
FAIVRE, Antoine. Ancient
and Medieval Sources of Modern Esoteric Movements, in: FAIVRE, NEEDLEMAN, Modern
Esoteric Spirituality. New York,
1993, Crossroad Press.
_______________. Access
to Western Esotericism (Albany: State University of New York Press, 1994).
A translation of two works first published as Accès de l’Esoterisme
occidental (Paris: Gallimard, 1986) and L’Esoterisme (Paris: Presses
Universitaires de France, 1992).
FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. Brasilia: Editora UnB, 2001.
FILORAMO, Giovanni. Che co'è religione.
Temi, metodi, problemi. Torino, EINAUDI, 2004.
HAMMER, Olav. Claiming Knowledge:
strategies of epistemology from Theosophy to the New Age. Leiden, 2004. Brill.
HANEGRAAF, Wouter J. (1996). New
Age Religion and Western Culture: esotericism in the mirror of secular thought.
Leiden, Brill.
_____________________ (2006). FAIVRE, BROEK, BRACH. Dictionary of Gnosis & Western Esotericism. Leiden, Brill.
______________________(1998).
“On the Construction of ‘Esoteric Traditions,’”in Western Esotericism and
the Science of Religion, edited by Antoine Faivre and Wouter J. Hanegraaff
(Leuven: Peeters).
JARAMILLO, Carolina M. Tamayo (a). El Movimiento Gnóstico
Cristiano Universal de Colombia: um movimiento esotérico internacional nacido
en Colombia. Cuestiones Teológicas, Vol. 39, No. 92 (julio -
diciembre, 2012). Medellín, Facultad de Teología de la Universidad Pontificia
Bolivariana.
_____________________________ (b). Gnosce
Te Ipsum: uma analisis antropologico de la Iglesia Cristiana Universal de
Colômbia desde la perspectiva de la Esoterologia. Trabajo de Grado.
Universidad de Antioquia, Depto. de Antropología. Medellín, 2012.
KIPPENBERG, Hans G. Discovering
Religious History in the Modern Age. Princeton, N.J.: Princeton
University Press, 2002.
KOENIG, P. R. Ordo Templi Orientis, Espermo-Gnósticos. Disponível em: http://www.parareligion.ch/spermo_p.htm. Consultada em 14/05/2013.
KRUM-HELLER, Arnold(1929). Curso Zodiacal. Disponivel em: http://eruizf.com/biblioteca/r_c/arnold_krumm_heller/arnold_krumm_heller_curso_zodiacal.pdf
_________________________ (1926). Rosacruz: Novela de Ocultismo Iniciático;
trechos selecionados disponíveis em: http://www.orkut.com/Main#CommMsgs?cmm=5570045&tid=5403408796709755781.
Consultado em: 14/05/2013.
LE GOFF, Jacques. A História Nova. 5ª. Ed. São Paulo, MARTINS FONTES, 2005.
LEVI, Eliphas. Historia de la
Magia. Buenos Aires: 1988, Editorial Kier.
LÓPEZ BELLAS, José Álvaro. Un
estudio de antropología social de las organizaciones, el caso del MGCU
(Movimiento Gnóstico Cristiano Universal). Santiago de Compostela:
Universidade. Servizo de Publicacións e Intercambio Científico, 2008.
MATA, Sérgio da. História & Religião. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010.
MASSENZIO, Marcello. A História das Religiões na cultura moderna. São Paulo, HEDRA,
2005.
NEVES, Ana Isabel. Gnosticismo: Heresia ou Ortodoxia? Disponível em: http://www.gnose.org.br/conteudo.asp?id=17&texto=1713&tipomenu=h&titulo=Gnose
OUSPENSKY, P. D. Em busca do milagroso: fragmentos de um ensinamento desconhecido.
São Paulo, Ed. Pensamento, 2010.
PESAVENTO, Sandra J. História & História Cultural. Belo Horizonte: Autentica, 2004.
PUJALTE,
Francisco Caparros (a). El Matrimonio Perfecto – Samael Aun Weor, 1961. Disponivel em: http://www.gnosis2002.com/revisiones/EMP.html
_________________________
(b). Manual de Magia Práctica – Aun Weor, 1953 Disponível em: http://www.gnosis2002.com/revisiones/MMP.htm
RABOLU (1982). Ciencia Gnóstica.
Disponível em: http://www.gnosisonline.org/wp-content/uploads/2010/08/CIENCIA-GNOSTICA.pdf
(consultado em 08/06/2013).
STUCKRAD, Kocku V. (2005). Western
Esotericism: a brief history of Secret Knowledge. London, Equinox Publishing.
SNOEK, J. A. M., Initiations:
A Methodological Approach to the Application of Classification and Definition
Theory in the Study of Rituals , Dutch Efficiency Bureau: Pijnacker 1987.
TRUZZI, Marcello.
Definition and Dimensions of the Occult: Towards a Sociological Perspective, On
the Margin of the Visible: Sociology, the Esoteric, and the Occult, edited
by Edward Tiryakian ; New York:
John Wiley, 1974.
VARGAS, Rafael;
CASAN, Javier. Gnosis: Tradicion y
Revelacion. Rafael Vargas, 2008. Disponível em: http://www.gnosistr.com/Libros/Gnosis-Tradition-Revelation.pdf
VERSLUIS, Arthur. What
Is Esoteric? Methods in the Study of Western Esotericism, Esoterica 4
(2002): 1–15, disponivel em: http://www.esoteric.msu.edu/volumeiv/methods.thm
VIZCAINO, Julio Medina. Conhecimentos,
Episódios e História da Gnose na Era de Aquário. Curitiba: FUNDASAW (ano
n/d). Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/115547297/Conhecimentos-Episodios-e-Historia-da-Gnose-na-Era-de-Aquario-V-M-Gargha-Kuichines-FUNDASAW
WALDEMAR, Charles. La Magia del Sexo. México, DF: Editorial
Grijalbo, 1963.
WAARDENBURG, J. Significados religiosos: una introducción
sistemática a la ciencia de las religiones. Colombia, BILBAO, 2001.
WEBB, James. The
Flight from Reason. London:
Macdonald, 1971.
WEBB, James. The
Occult Establishmen. Glasgow: Richard Drew,
1981.
WEOR, Samael Aun (1950-a). El Matrimonio
Perfecto o la Puerta de Entrada a la Iniciación. Bogotá. Disponivel
em: http://www.gnosis2002.com/tabla.html (consultado em 13/05/2013).
_________________(1950-b). La
Revolucion de Bel. Disponivel em: http://www.gnosis2002.com/tabla.html. Consultado em 13/05/2013.
__________________ (1951) Curso Zodiacal. Disponivel em: http://www.gnosis2002.com/tabla.html
Consultado em 13/05/2013.
__________________ (1952-a) Apuntes Secretos de um Guru. Disponivel
em: http://www.gnosis2002.com/tabla.html. Consultado em 13/05/2013.
__________________ (1952-b) O Tratado de Medicina Oculta y Magia Prática..
Disponivel em: http://www.gnosis2002.com/tabla.html. Consultado em 13/05/2013.
__________________ (1959) Logos, Mantram, Teurgia. Disponível em: http://www.gnosis2002.com/tabla.html. Consultado em 13/05/2013.
__________________(1975) Tratado de Psicologia Revolucionária.
Disponível em: http://www.gnosis2002.com/tabla.html
(consultado em 08/06/2013)
__________________(1975) A
Grande Rebelião. Disponível em: http://www.gnosis2002.com/tabla.html
(consultado em 08/06/2013)
__________________(1971) O Mistério do Áureo Florescer.
Disponível em: http://www.gnosis2002.com/tabla.html
(consultado em 08/06/2013)
__________________(1973) Sim, há
Inferno, Diabo e Karma. Disponível em: http://www.gnosis2002.com/tabla.html
(consultado em 08/06/2013)
__________________(1972) As Três Montanhas. Disponível em: http://www.gnosis2002.com/tabla.html
(consultado em 08/06/2013)
_________________ (1991). O
Matrimônio Perfeito. São Paulo, MGCUBNO.
WILLIAN, Michael Allen. Rethinking Gnosticism: an argument for
dismantiling a dubious category. Princenton, 1996: Princenton
University Press.
YATES, Frances. Giordano Bruno e a
Tradição Hermética. São Paulo, 1987: Círculo do Livro.
ZOCCATELLI,
PierLuigi (2000). Il paradigma esoterico
e un modello di Applicazione. Note sul movimento gnostico di Samael Aun Peor.
La Critica Sociologica, n° 135,
autunno 2000 (ottobre-dicembre), pp. 33-49.
_____________________
(2005). Note a margine dell´Influsso di
G.I. Gurdjieff su Samael Aun Weor.
Aries. Journal for the Study of Western Esotericism, Brill Academic
Publishers, vol. 5, n. 2 (2005), pp. 255-275.
[1]
Além de dois artigos produzidos pelo próprio
Zoccatelli, a produção acadêmica sobre Samael Aun Weor e seu movimento se
resume basicamente a um artigo de Andy Dawson sobre a Igreja Gnóstica em
Curitiba, A Phenomenological Study of the Gnostic Church of Brazil e a tese de Cristina Tamayo intitulada Gnosce Te Ipsum: uma analisis antropologico
de la Iglesia Cristiana Universal de Colômbia desde la perspectiva de la
Esoterologia, seguida de um artigo na Revista Cuestiones Teológicas
intitulado El Movimiento Gnóstico
Cristiano Universal de Colômbia: um movimiento esotérico internacional nacido
em Colômbia. O Movimento Gnóstico também é tema de Massimo Introvigne no
livro Il Ritorno dello Gnosticismo. O
trabalho mais completo sobre o assunto é do espanhol José Álvaro Lopez Bellas, Un estúdio de Antropologia Social de las
organizaciones: el caso del MGCU (Movimiento Gnóstico Cristiano Universal),
de 2008, analisando a instituição fundada por um dos principais discípulos de
Samael, Joaquim Amortegui Valbuena (Mestre Rabolu). O primeiro texto brasileiro
sobre o assunto é de minha autoria,
Usos da arqueologia no discurso
religioso: Samael Aun Weor e o renascimento do gnosticismo e foi apresentado na I Semana de Arqueologia
do LAP-UNICAMP, em 2013.
[2] Os
relatos autobiográficos de Samael e de seus principais discípulos são
analisados por Lopez Bellas, p. 645.
A vida de Samael também é descrita em ZOCCATELLI 2000 e
DOSAMANTES.
[3] Uma
lista parcial dos títulos de Krum-Heller pode ser vista em: https://sites.google.com/site/igeomtlaxcala/home/arnold-krumm---heller
[4] Um
interessante resumo histórico sobre a vida de Krum-Heller e a Fraternitas
Rosicruciana Antiqua pode ser vista em http://hermetic.com/sabazius/krumm.htm;
vide também http://fraargentina.host56.com/krummheller.htm.
Além de seu importante papel como líder esotérico Krum-Heller teve atuação
política durante a Revolução Mexicana de 1910 e em alguns episódios da
espionagem alemã no México durante a Primeira Guerra Mundial.
[5]
Atitudes dessa natureza são próprias da cosmovisão esotérica da época e
relativamente comuns: figuras como Blavatsky e Rudolf Steiner, entre diversos
outros, citam relatos de encontros com figuras iluminadas de algum canto remoto
do Oriente; Charles Leadbeater, uma das principais figuras da ST, havia em 1908
apresentado um garoto hindu, Jiddu Krishnamurti, como o futuro líder espiritual
do mundo.
[6] As
aventuras de Omar Cherenzi, até ser desmascarado em 1947, na Europa, por um
professor que falava tibetano, são narradas em: http://lagnosisdevelada.com/fuentes-gnosticas/cherenzi-develado-t410.html
[7] “Los indios Arhuacos de la Sierra Nevada de
Santa Marta, quemaron todo un pueblo llamado Dibuya, por medio de los
elementales del fuego, llamados "Animes" por ellos. En el pequeño
poblado de Santa Cruz de Mora, (Estado Mérida) conocí una anciana humilde, que
hizo maravillas con los elementales de la naturaleza. Dicha anciana cuando era
joven se casó con un indio. Su marido la llevó para la selva, y cuenta de esa
tribu, las cosas más "raras", dizque durante el día los indios
abandonaban su caserío, y por la noche llegaban todos con apariencia de
animales y ya dentro de sus ranchos, tomaban su figura humana.”(WEOR, 1950b, p.
49)
[8] A apropriação de técnicas de magia sexual por
esoteristas europeus do século XIX é descrita por Hugh Urban em seu livro Magia Sexualis: Sex, Magic, and Liberation in Modern Western Esotericism. Los Angeles, University of Califórnia Press,
2006. Um panorama histórico também pode ser visto em WALDEMAR, Charles. La
Magia del Sexo. México, DF: Editorial Grijalbo, 1963.
[9] “Se os Irmãos Rosa Cruz buscam obras gnósticas nas
bibliotecas, sempre que os encarregados de cuidar os livros não tenham seguido
o exemplo de São Jerônimo, de queimar tudo o que cheire a questões sexuais,
encontrarão verdadeiras maravilhas, como eu as encontrei, pois os Gnósticos
foram os que me deram a chave da Magia Sexual. Sei que alguns teósofos me
tem chamado de mago negro porque me ocupo destes estudos, mas nisto estão todos
de acordo que quanto a magia sexual sou autoridade, que me ocupei muitos
anos dessa disciplina, publicando há mais de vinte anos, meu primeiro livro “Não
Fornicarás”, que naquela época chamou muito a atenção. Hoje só se encontra
nas bibliotecas”.(Krum-Heller,
Revista Rosa Cruz, Barcelona, junho de 1930, disponível em:
http://www.fravenezuela.com/maestro.htm)
[10]
Um adepto de Parsival, defendendo seu sistema, afirma: “a instrução sobre magia
sexual é feita de forma interna e no último grau devido à seriedade do tema e à
preparação que requer”. (http://lagnosisdevelada.com/fuentes-gnosticas/samael-y-la-orden-rosacruz-t141.html)
[11] No site brasileiro da Astrum Argentum (A.A.), uma das ordens ocultistas fundadas por
Crowley, encontramos a seguinte nota: “Aos
que interessa encobrir a ligação de Crowley com a FRA, dizendo que esta ligação
jamais existiu, transcrevemos aqui as próprias palavras de Krumm-Heller em
“Logos Mantram e Magia” - Ed. Kier S.A. - 1990: “Al iluminado maestro del
invisible cuyo nombre no se debe estampar, a los maestros Basilides, Perdurabo
y Recnartus...”. ora, Perdurabo não é
outro senão o próprio Crowley, que usou este moto mágico em sua passagem pela Golden
Dawn. Ao morrer, Krumm-Heller legou a FRA a seu filho Parzival Krumm-Heller.
Entretanto, o Ramo da FRA Brasileira negou-se a aceitar Parzival como líder
mundial da Ordem. Nisto seguiu a linha de pensamento de S.Clymer e Samael Aun
Weor.” (http://www.astrumargentum.org/arquivos/ht/ensaios/thor_1.htm)
A mesma nota, referindo-se a Samael: “Era um dos
discípulos de Arnold Krumm-Heller (Huiracocha) que freneticamente combatia Thélema.
Chamava-se a si mesmo Buddha Maitreya, Kalki Avatara da Nova Era de Aquárius, e
fundou o Movimento Gnóstico Cristão Universal que, no Brasil, obteve muitos
seguidores. Seu livro “O Matrimonio Perfeito” foi bastante divulgado em nosso
país.
Em outro de seus inúmeros livros, “Rosa Ignea”,(...) Samael Aun Weor declara o seguinte a respeito de Parzival Krumm-Heller (pag.25): “... esta magia sexual negativa, que ensina o traidor Parsival Krumm-Heller, e o sinistro Baal Omar Cherenzi Lind.”
Em outro de seus inúmeros livros, “Rosa Ignea”,(...) Samael Aun Weor declara o seguinte a respeito de Parzival Krumm-Heller (pag.25): “... esta magia sexual negativa, que ensina o traidor Parsival Krumm-Heller, e o sinistro Baal Omar Cherenzi Lind.”
[12] “Por aquella época el maestro
no tenía la intención de formar ninguna escuela, sino que predicaba el
sendero del hogar doméstico, y trataba de entregar todas las claves del
ocultismo en sus libros.” (http://www.gnosis2002.com/revisiones/asg.htm)
O comentário é referente à sua obra Apuntes
secretos um guru, de maio de 1952.
[13]
Listas dessa natureza podem ser vistas, por exemplo, num dos mais acessados
sites de combate ao gnosticismo, La
Gnosis Develada, em: http://lagnosisdevelada.com/fuentes-gnosticas/los-plagios-de-samael-al-tertium-organum-de-ouspensky-t151.html
e http://lagnosisdevelada.com/fuentes-gnosticas/plagios-de-samael-aun-weor-al-cuarto-camino-de-gurdieff-t106.html.
Uma descrição detalhada de passagens retiradas das obras de Gurdjieff/Ouspensky
também pode ser vista no Apêndice 1 da obra de Lopez Bellas, vol II., pp.
3-122.
[14] O
texto de 1950 somente tornou-se acessível recentemente, graças ao trabalho de
divulgação das primeiras obras de Samael empreendido por Francisco Caparros
Pujalte em seu site http://www.gnosis2002.com
.
[15]
Cristina Tamayo Jaramillo descreve de forma resumida as diferenças estruturais
entre as três facções (Jaramillo-b, p. 254)
[16] OUSPENSKY
2010; no último capítulo o autor faz um relato detalhado de suas desavenças com
Gurdjieff e de como começa a estruturar uma filosofia de trabalho interior
própria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário