segunda-feira, 1 de novembro de 2010

DONGHI, Tulio Halperin – A Crise da Independência

DONGHI, Tulio Halperin – A Crise da Independência

            A reforma bourbônica produziu reações adversas nas américas, sobretudo pelo aumento de impostos e o favorecimento de peninsulares na ocupação de cargos, mas não é causa imediata de ruptura. Os americanos querem na verdade negociar um novo pacto colonial. As rebeliões da época são basicamente contra os excessos da burocracia local; todas proclamam sua fidelidade ao rei.
            As rebeliões, mais que indicar a presença de novos elementos premonitórios da crise, revelam a persistência das debilidades estruturais.
            A circulação das novas idéias, sobretudo os novos conceitos republicanos, também prenuncia a crise. Mas é sobretudo no campo acontecimental que surgirão as motivações para a independência:

  • Revolução Francesa
  • Aliança entre Espanha e França; guerra com a Inglaterra; bloqueio inglês e liberdade de comércio com nações neutras.
  • Após Trafalgar, agravamento do bloqueio inglês; ataques ingleses no Prata, 1ª. Experiência de auto-governo em Buenos Aires.
  • França invade a Espanha; prisão do rei; aliança com a Inglaterra. O vazio de poder leva à formação das primeiras juntas

            Instalada a crise na Europa, as elites locais americanas buscam ocupar o vazio de poder que se produz, entrando em choque com a burocracia peninsular aqui instalada; governadores, cabildos e audiências disputam a legitimidade de governar as colônias. O aprofundamento do conflito entre criollos e espanhóis leva a acordos políticos em busca de apoio popular.
            Com a derrota da França e a restauração da monarquia tropas são enviadas para a América; reação legalista.
            A 2ª. Revolução liberal na Espanha (1820-1823) produz uma reviravolta na situação, diversos legalistas passam a apoiar a independência; as forças espanholas se enfraquecem. Inglaterra e Estados Unidos passam a apoiar abertamente as nações independentes.

Dinâmicas específicas:

Argentina: conflito entre autonomistas (Artigas) e centralistas (cabildo de Buenos Aires)
Colômbia/ Venezuela: reformismo moderado de Bolívar. Longa guerra civil agravada por conflitos raciais e interesses de elites locais.
México: diferente das outras regiões, onde a independência é patrocinada pelas elites, aqui a revolta parte de índios e mestiços e tem forte influencia religiosa. O partido peninsular alia-se às elites locais para derrotar a revolução popular. Com a revolução liberal na Espanha os monarquistas passam a apoiar a independência mexicana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário