Introdução
O
objetivo deste artigo é contribuir com o debate proposto pelo sociólogo
italiano Pierluigi Zoccatelli, que analisa a influência das idéias do
esoterista armênio George Ivanovitch Gurdjieff (1866-1949) sobre o Movimento
Gnóstico fundado pelo colombiano Samael Aun Weor em 1949.
O objetivo de nossa pesquisa é
analisar estratégias discursivas de legitimação doutrinária e identitária no milieu do moderno esoterismo ocidental;
interessam-nos em particular historicizar os processos de apropriação e
construção de representações sociais a partir da metodologia proposta por Roger Chartier e Sandra Pesavento. A definição e delimitação do
esoterismo como campo de estudo acadêmico é tema de um acesso debate dentro da
Ciência das Religiões; optamos pelo estudo do esoterismo enquanto campo
específico de pesquisa, a História do Esoterismo Ocidental, e em especial pela
abordagem cultural proposta por historiadores do esoterismo como Kocku von
Stuckrad, Willian Goodrick-Clark e Wouter Hanegraaf, que propõem um modelo de
história religiosa que concebe a Europa como um espaço multirreligioso onde
ocorre uma permanente dinâmica de inter-relação e influência mútua, e que
consideram o esoterismo como elemento estrutural da cultura ocidental moderna
(Stuckrad, Goodrick-Clark, Hanegraaf); a delimitação do objeto de estudo e a
definição de sua identidade comum é feita a partir dos conceito de cultic milieu de Colin Campbell
(Campbell, p. 122-123), e de “campo discursivo” de von Stuckrad, que
basicamente versam sobre como os traços comuns da cosmovisão esotérica superam
as barreiras institucionais e estimulam um intenso trânsito de idéias e uma
profunda apropriação sincrética. (Stuckrad 2005, p. 3-11)